domingo, 19 de julho de 2009

Uma questão de ......

A doação de orgãos é na minha opinião, logicamente, uma das áreas da reciclagem mais interesantes. Sim. Não passa disso mesmo. Não tenho problemas de consciência ao afirmá-lo deste modo. Não estou neste momento com juízos de moral e apenas constatando um facto. Mesmo tratando-se de reciclagem humana, não deixa de ser reciclagem. Uma reutilização de orgãos de outros seres da mesma espécie, para o prolongar de uma vida de um deles, que aparentemente ia terminar muito mais cedo. Sendo obviamente um altruísmo de louvar, ou apenas, uma forma de ajudarmos um conspecífico que necessita de viver mais. Eu pergunto: Para quê? A maioria destes indivíduos já nem vai reproduzir-se. Então porquê? Para quê este acto de altruísmo barato de toda uma "sociedade humana", se é que se pode chamar assim à consciêntização humana como um todo. Aliás, do ponto de vista genético não vem acrescentar nada à "pool genética" humana. Para encher o planeta de seres humanos? Com que objectivo? Dominar o planeta? Pensei que já o fizéssemos..... Já o fazemos, não é. Estamos então mais uma vez a contrariar a Natureza no seu processo de selecção natural, sem qualquer valor evolutivo.
Continuo sem perceber então qual é o objectivo intrínseco a este gesto tão nobre e belo por parte da humanidade. "Vamos ajudar quem precisa, porque um dia nós podemos precisar" - então não á altruismo. Parece-me mais egoismo. Um egoísmo social. Apenas e só porque um dia podemos vir a precisar, porque se não, não interessava nada esta história da doação de orgãos. Quem morre, morre. Aliás, não existe o céu? Então qual é o problema de morrer mais cedo. Para quê essa gula de viver mais uns minutos, dias, meses, anos?
Uma questão de humanidade, de falta de fé e espiritualidade ou apenas de vaidade biólogica?
Nós portugueses somos dos que mais doam orgãos. Interesante no mínimo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Desafiando o Tempo

Queria apenas chegar ao conforto dos meus lençois. Existe sítio mais nosso que os nossos próprios lençois? Desejava chegar. Finalmente puder descansar. Ficar novamente livre de todo o mal; de todas as ruins contingências da vida. Sejam elas quais forem! Contava os minutos desesperadamente lançando ao mesmo tempo escárnio nesse monstro que é o tempo. - Porra, nunca mais passa! MALDITO TEMPO que nos sufoca diariamente, num quotidiano frenético e que obriga qualquer ser responsável a mendigar ao MONSTRO.
Enquanto uns pedem "Dá-me mais uns minutinhos", se estão com a pessoa amada e não querem se despedir, outros não querem mais. Não querem nada com ele. Sou eu agora. Não quero nada contigo ouviste. Nada. Esquece-me. Só quero ir para o meu reduto interdito a mais formas de vida. Só quero chegar ao conforto dos lençois. Limpos. Macios. Estão à minha espera para me confortar. Neste momento só eles podem me confortar. São tudo aquilo que quero. Não reclamam. Nunca! Nós, pelo contrário rara é a noite em que álem de confidentes queremos que estejam quentes. Ali, quentinhos. Sabem tão bem. Que sentimento mais egoísta não pode haver. Confidentes e ainda por cima quentes, sim têm de estar quentinhos. Nunca estamos contentes com eles. Nunca estão suficientemente quentes. Somos assim. Insaciáveis. Nunca estamos contente com o pedaço de pão que nos coube. Não estamos contentes com a água que nos chega ao bucho. Filhos da mãe estes seres humanos. Gentinha. Somos todos gentinha. Deve ser por isso que procuramos Deus. Outro MONSTRO. Este monstro é perfeito, sim, porque nós, nunca o seremos, nunca. Por isso o idolatramos e tememos tanto. Porque ele é perfeito. Por isso andamos sempre a mendigar-lhe qualquer coisa e vamos descarregar as nossas iras nos pobres lençois.
Eu! Eu estou neste momento mendigando: - Por amor de Deus quero os meus lençois. Mendigo aos dois monstros um pouco de clemência.
- Quero os meus confidentes, brancos, limpos e quentes lençois. Por favor. Faço qualquer coisa.
Sou exigente. Quero o bolo todo. Sinto-me mal. Quem não chora não ouve Deus. Porra! Eu mereço clemência. Não mereço? Quem não merece? Respondem-me eles. Digo eu agora que talvez quem mereça não mendigue. Resigna-se. Aceita. Mas esses não somos nós seres humanos. Nós, completamente encharcados em egoísmos preversos, mendigamos, sugamos. Egoístas. Animais. Não somos mais que animais. Aliás, atiro que somos os piores dos animais. Os mais selvagens, brutais, nojentos!
Estou cansado. Agora sinto-me mesmo cansado. Exauto. Preciso mesmo deles. Quero-os. Desejo-os com toda a minha força e egoísmo. Veio de repente à minha mente que realmente eu devia ser Deus só por um pouco. Só para ir para os meus lençois. Mas se eu fosse Ele não precisava. Tinha. Antes até de pensar neles, eles já estavam à minha disposição. Sim, porque com Deus deve ser assim. Tudo acontece por antecipação. Não existe vontade por saciar. Não existe pedir, ou mendigar. Tudo já está à disposição. Perfeito. Tão perfeito que até o tempo não mete medo perto Dele. Não que o tempo tenha medo de entrar por aí e desafiar Deus na sua perfeição, mas simplesmente prefere não o fazer. Porquê? Porque não podemos desafiá-lo?
Porque ele pode perder o desafio. Nunca se pode desafiar o mestre. Nunca. Regra n.º1 da fé. Desafiar o Todo-Poderoso. Esqueçam isso. Sobrevivam a esse pensamento de desafiar Deus. Imaginem o monstro do Tempo a desafiar Deus. - Olha, Deus: Vou parar um pouco. O que me dizes? Durante uns dias não trabalho para ti. Nada. Vou parar. Não vão haver mortos a entrar no céu até à semana que vem. Vou tirar umas férias. Imaginem Deus a ser desafiado deste modo. Sem tempo. Tempo para fazer valer a sua vontade. Sem chamar para junto dele aquele que ele bem entender e quando bem entender. Deus entediado. Deus desempregado. Iria ficar stressado? Imaginem só o que o tempo iria arranjar com este desafio. A imoralidade com Deus seria muito grande. Por isso Ele é reconhecido incondicionalmente como o Sr. do Tempo.
Portanto, a nós, resta-nos desafiar o tempo e não ao Tempo desafiar o seu mestre, Deus, pois ele é indesafiável no seu Tempo. Não vá o Diabo tecê-las.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Introdução

Nem sei porque criei este espaço de criatividade imensa, não que isso signifique que se vá escrever aqui alguma coisa que merece ser lida, nem sei porque quero aqui escrever alguma coisa. Tenho vontade de escrever. Só isso. Se alguém ler, pois que leia. Não espero nada com este blog. Nem espero que alguma vez esperem alguma coisa dele, pois irão sair desiludidos intelectualmente. Não sei se é isso que esperam encontrar num espaço destes: ilusão de intelectualidade, mas se for, não voltem mais aqui.

Nwuanda